A inauguração de cinco esculturas representativas de D. Pedro e D. Inês será o ponto alto das comemorações do Feriado Municipal da Lourinhã (24 de Junho). Este acto solene tem como palco a povoação do Moledo - localidade que terá acolhido os encontros românticos do par enamorado – realizando-se a partir das 15h00.
 
No decorrer desta sessão inaugural será entregue aos convidados uma brochura alusiva à temática, onde figura uma mensagem de Jorge Pereira de Sampaio, Doutor em História de Arte, a qual expressa a relevância do conjunto escultórico, bem como a colaboração existente entre os artistas e os habitantes do Moledo.
 
 
 
Mensagem de Jorge Pereira de Sampaio - Doutor em História de Arte
A freguesia de Moledo recebeu um notável projecto da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa em que, ao longo de um ano, cinco alunos de Mestrado desenvolveram peças alusivas a D. Pedro I e à sua dama de «colo de garça». Moledo recebeu estes artistas de braços abertos, morando nas suas casas e trabalhando nas suas oficinas, fazendo jus à tradição de bem receber característica destas terras e das suas gentes. E estes Artistas, generosamente, ofereceram as suas obras que para sempre ficarão em exposição, à vista de todos e para usufruto de quem vá a Moledo. A pedra da região está presente nos trabalhos de alguns destes artistas. Denise Romano, através de um simbólico trono, alude à coroação póstuma de Inês. Joana Alves representa uma banheira-túmulo da que «depois de morta foi Rainha». Roberto Miquelino serve-se da figura do coração como símbolo máximo do Amor intemporal, criando poesia em escultura metálica. Francisco Salter Cid parte do Juízo Final para a sua monumental criação. E Constança Clara evoca o Paço como lugar sagrado dos dois amantes, transportando a história à actualidade com o apoio de toda a população, que ofereceu pedras para a sua instalação, assumindo-se, deste modo, como uma homenagem colectiva ao Rei e a Inês de Castro, junto ao rio.
 
Ao longo dos tempos, a história de Pedro e Inês tem entusiasmado poetas, romancistas, compositores, dramaturgos e artistas de todas as áreas, assumindo-se como o tema mais conhecido da História de Portugal pelo Mundo. Moledo, segundo alguns estudiosos, foi local de encontro de Inês e Pedro, fazendo parte da rota do seu romance por terras de Portugal. Moledo é uma aldeia bonita, cuidada, preservada e serena, onde apetece estar. A partir de agora, com cinco monumentos evocativos dos amores de Pedro e Inês. O dia 24 de Junho de 2010 é dia de festa. Comemora-se o feriado municipal da Lourinhã, cuja Câmara Municipal quis fazer coincidir com a cerimónia de inauguração destas esculturas. É dia de Comemoração - também – porque se comemora neste dia o exemplo desta Autarquia e desta Freguesia numa aposta nas Artes e na Cultura, na História e num eventual turismo evocativo da História.  Moledo é – devia ser – um exemplo a seguir!
 
 

Associado à temática de D. Pedro e D. Inês e à sua passagem por terras da Lourinhã, estabeleceu-se uma estreita colaboração entre a Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e a Câmara Municipal da Lourinhã/Junta de Freguesia de Moledo, com o objectivo de, conjuntamente, se proceder ao desenvolvimento de acções comuns, para prossecução do projecto “Moledo Com Vida”.

Assim, e, no momento, está ser desenvolvido o projecto “Escultura Pública”, o qual conta com a participação de um grupo de cinco alunos do Mestrado de Escultura Pública, que ao longo do ano lectivo 2009/2010 trabalharão a temática de D. Pedro e D. Inês de Castro, associada, essencialmente à localidade de Moledo.

Esta acção conta com a colaboração dos Professores Escultores António Matos e João Duarte, responsáveis pela disciplina “Projecto e Laboratório de Escultura Pública”, e dos alunos/escultores: Constança Clara, Denise Romano, Francisco Cid, Joana Alves e Roberto Miquelino, os quais oferecerão os seus trabalhos à Junta de Freguesia do Moledo, para exposição permanente, tendo apenas esta que disponibilizar o espaço expositivo, bem como o material para os trabalhos.

Neste sentido e, de modo sucinto, irão descrever-se as respectivas obras, sendo que quatro delas serão executadas em duas oficinas da freguesia.

Constança Clara: o trabalho pretende dialogar com dois aspectos: o paço (palácio), outrora existente, que terá albergado o casal enamorado com a colaboração dos habitantes da aldeia. Neste contexto, a população oferece pedras, à escultora, que simbolizam a referida edificação que aí existiu, com as quais ela construirá a sua instalação, na zona da Beira Rio, sendo este trabalho um dos grandes pretextos para a requalificação dessa zona;

Denise Romano: numa alusão à coroação póstuma de D. Inês de Castro, este trabalho consiste numa representação de uma “ausência presente”, com a construção de um trono, no qual figura a presença da referida donzela. Os materiais utilizados são o aço inoxidável e a pedra de uma pedreira situada na freguesia;

Francisco Cid: uma representação de D.Pedro e D.Inês numa perspectiva intemporal, a qual figura sobre os seus túmulos;

Joana Alves: a impossibilidade de representar a vida sem a morte. O corpo enquanto ser em metamorfose para a morte. Neste caso o leito de morte é uma banheira em que o corpo, delicadamente, se separa da vida; onde se materializa um afastamento e se impõe uma distância. Este trabalho, todo feito em pedra, extraída de uma pedreira situada na freguesia, consiste na construção de uma banheira que assenta sobre quatro pés, réplicas dos que, no Mosteiro de Alcobaça, sustentam o túmulo de D. Inês de Castro;

Roberto Miquelino: reporta-nos ao tema do amor e, nesse contexto, surge o coração, como elemento indicador e demonstrativo do amor, através de dois ventrículos, sobre os quais se exerce a acção reflexiva. O material eleito para este coração gigante é o metal.

Trata-se, então, de um trabalho académico, que estará concluído no dia 24 de Junho de 2010, data da sua inauguração, com a participação de todos os intervenientes. Até lá, e como já foi referido, quatro dos cinco escultores estarão a trabalhar na aldeia, com o envolvimento de uma grande parte da população, seja na entrega das pedras, como acontece com o trabalho da escultora Constança Clara, seja nas oficinas locais, onde Joana Alves, Roberto Miquelino e Denise Romano, trabalham nas suas peças, a par dos outros trabalhadores das mesmas oficinas, seja nas escolas, com as visitas de estudos que têm sido organizadas pela autarquia em conjunto com as escolas da Freguesia.